Hoje o Bigviagem traz para vocês mais um artigo fascinante de Pedro B.  que nos põe a pensar. Novas formas de turismo surgem diariamente e o Dark Tourism é uma delas, porque nos sentimos atraídos por este tipo de viagem e/ou lugares? O que queremos captar conhecendo certos lugares? Bem, vamos ao artigo e depois cada um de vocês irá refletir e descobrir o que pensa sobre o tema e quais lugares desejaria visitar.

Dark Tourism – As novas formas de turismo

A saturação dos destinos turísticos tradicionais fazem emergir novas formas e modalidades de turismo assentes nas necessidades sociais das sociedades contemporâneas. O “labeling” ou a “etiquetagem” destas novas formas tem uma grande importância, pois serve como bússola para o viajante que procura novas sensações associadas ao momento de recriação associado ao turismo.

Uma destas etiquetas que me tem chamado a atenção é o “Dark Tourism”. Segundo Famaki e Stone, o “Dark Tourism” é entendido como o “tipo de turismo que envolve a visita a locais reais ou recriados, associados à morte, sofrimento, desgraça, ou ao aparentemente macabro”.

Apesar de arrepiante não é um conceito novo, pois estes locais sempre foram alvo da nossa curiosidade. Lembro-me, por exemplo, a casa de Anne Frank em Amesterdão, ou da prisão de Alcatraz em São Francisco ou ainda das ruínas romanas da cidade de Pompeia. São locais de grande interesse turístico e que fazem parte integrante de qualquer roteiro turístico destas cidades.

Esta forma de turismo ganhou recentemente grande expressão após os atentados de 11 de Setembro em Nova York. O “Ground Zero” é local de peregrinação nesta grande metrópole e toda uma indústria turística floresceu assente na exploração deste momento de puro horror e destruição.

A “morte” e o lado sinistro da natureza humana são, assim, os principais “drivers” deste tipo de turismo, e quando o colocamos desta forma, assim tão crua, o “Dark Tourism” merece uma reflexão profunda e séria sobre os motivos que nos levam a investir tempo e dinheiro nele e, principalmente, sobre as razões que levaram a que, devido à sua enorme procura em todo o mundo, a indústria turística criasse uma categoria ou uma etiqueta específica associada.

O que é que procuramos quando optamos por visitar o campo de concentração de Auschwitz, ou as valas comuns no Cambodja, ou o monumento em memória das vítimas de Hiroshima, ou a central nuclear de Chernobyl? Uma redenção, uma memória para transmissão futura, uma centelha de sofrimento para partilhar com as vítimas, uma curiosidade mórbida? Não sei, mas algo poderoso se passa para que a exploração destes momentos e locais sejam motivo de interesse e peregrinação.

Julgo que a razão mais válida, mas não a única, é a memória para transmissão futura. É importante ter esta noção de que as tragédias devem e têm de ser irrepetíveis e que devemos aprender com elas. E estas viagens ao horror e ao macabro são duras, mas eficazes, lições sobre tudo o que não queremos que o ser humano, que os nossos pares, sejam. Talvez se os vários governos patrocinassem viagens aos campos de concentração nazis, os partidos neonazis pura e simplesmente se evaporassem, ou percorrer a rota dos escravos enviados de África para a América do Sul fosse obrigatório nas escolas, o racismo e a escravatura deixassem de fazer qualquer sentido nos dias de hoje.

A redenção também poderá ser uma motivação forte e aqui a herança religiosa das nossas sociedades tem um grande protagonismo. A “lavagem” dos nossos pecados passa por vivenciar o horror para que possamos aprender uma lição que nunca mais nos esqueceremos. É uma perspetiva interessante, devo reconhecer, mas ao mesmo tempo, uma ponte para nos esquecermos dela e cairmos facilmente na curiosidade mórbida, que, embora preocupante, reconheço que possa ser viável ou natural. Convém é que possamos ter a capacidade de compreender e isolar esse momento, sem que ele passe a fazer parte dos nossos traços de personalidade.

Tudo isto é altamente perturbador porque não conseguimos encontrar razões claras da nossa atração pelo horror e pela morte. Mas ela existe e inclusive já foi transformada em produto turístico. Cabe-nos a nós fazer com que a exploração desta vertente seja equilibrada, consciente, racional, pedagógica e enriquecedora. Caberá também aos agentes do turismo saber explorá-la com contenção e responsabilidade, onde o lucro não seja o único motivo pelo qual investem no “Dark Tourism”.

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